Nova Brasília, 28 de março de 2024

Querida família Santana!

Como estão todos aí? Tenho uma grande novidade!

Resolvi me mudar para Salvador, cidade do Nordeste do Brasil, de uma das unidades mais lindas da Federação que é a Bahia. Eu Mouraria em Salvador pela Graça da cidade, pelo Abaeté, pelos Altos do Cabrito e do Peru, pela história da Sé, pela luta do Curuzu e pela cultura do Pelourinho.

Aqui onde eu moro é uma fazendinha e soube que em Salvador tem uma linda Fazenda Grande, a negritude da Fazenda Coutos e a tradição da Fazenda Garcia!

Mas tenho dúvidas onde vou morar porque da Barra à Barra Avenida, a cada ano que passa, Salvador se torna uma Cidade Nova, com dois lindos engenhos: o Velho e o de Brotas. Sei que, além das praias lindas que inspiraram Caymmi de Stella Maris, da longa Costa Azul que tem, dos Mares, é também uma cidade de herança Ribeira e de Tororó, que Beira Mangue, porém não tenho informação se estão cuidando de  seus rios como Jaguaribe, Pernambués, Vermelho, Sena e Pituaçu e se ainda há Pirajá neles ou alguma mulher Engomadeira?

Me aconselhei com muita gente boa antes de tomar essa decisão, um amigo médico Luis Anselmo, que me disse que eu teria mais Liberdade em um Campo Grande Arenoso. Um outro amigo advogado mais justo que conheço, Cosme de Farias; uma amiga guerreira Anita Garibaldi; um grande navegante chamado Vasco da Gama, um bispo Dom Avelar e um ex-presidente Castelo Branco.

Não me enCABULA essa mudança por isso estou Imbuído nisso, mas sem querer ser um Novo Marotinho e muito menos quero deixá-los Aflitos ou preocupados com essa minha decisão.

Ainda sobre Salvador, que está completando 467 anos de uma linda história, soube que aí as águas são Claras e de Meninos, que as suas belezas são naturais, como as praias da Boca do Rio, Jaguaribe a Itapuã, de onde quero voltar Queimadinho, como dizem no diminutivo os bons soteropolitanos da Caixa D’Água, Lapinha ao Matatu de Brotas. 

E as Vilas Laura, Canária e do saudoso Ruy Barbosa ainda existem? Quero que vocês me levem até lá para visita-las também.

E na Mata Escura ainda encontramos a bela Sussuarana? E será que na entrada da Boca da Mata encontrarei as espécies de Massaranduba, de Dendezeiros, das Cajazeiras, das Bananeiras, das Pitangueiras, das Palmeiras, das Macaúbas, dos pés de Canela, do Pau Miúdo e do Pau da Lima com aquela linda Mata dos Oitis?

Caminharei à la Piatã para ver se Itacaranha em Mussurunga para ver uma Vista Alegre da Boa Vista do Lobato, do Alto Coqueirinho ou do Alto da Terezinha, mas sem precisar usar Escada!

E aqueles jardins que você me falou:  Apipema, Armação, Brasil e das Margaridas ainda estão reluzentes? Eu pretendo montar um Comércio, uma espécie de Horto com uma Bela Vista do Lobato, com os Caminhos de Areia e das Árvores que vão lembrar a Calçada do Uruguai, o Vale das Pedrinhas, Vale do Ogunjá, Vale dos Lagos e o Monte Serrat que é parecido com o de Roma. Só que Paralela a essa atividade quero voltar a ser Saboeiro artesanal.

Me mudarei se Deus quiser, com uma pequena ajuda de Santo Antônio, São Caetano, São Cristóvão, São Tomé de Paripe, Santa Mônica, 

São Bento, São Marcos, Santo Inácio, São João, São Gonçalo do Retiro e do Senhor do Bonfim.

Nessa minha nova Plataforma, busco novos Patamares em minha vida, quero subir no Mirante de Periperi, passar na Baixa de Quintas, depois pelo Largo do Tanque para chegar em Paripe até as Campinas de Pirajá e ao Parque São Bartolomeu.

Ainda não sei se Barris, Bariri, Barbalho, Barroquinha, Bairro da Paz ou Guarani, nesse novo Pilar de minha vida ainda não sei se Centro as minhas atenções no Candeal, Calabar ou Calabetão. Como podem ver, são muitas dúvidas!

Lembranças as suas irmãs Ondina, Pituba, Amaralina, Valéria e Palestina, não se esqueça de saudar o seu tio Marechal Rondon e sua tia Narandiba Canabrava. Diga para Saramandaia  e Nazaré me pegarem na Rodoviária e depois iremos ao Iguatemi e Itaigara.

Espero que Salvador esteja com as suas Sete Portas abertas no dia 7 de Abril, quando me mudarei em definitivo. Estou certo da minha Vitória, tenho essa Nova Esperança e farei uma Boa Viagem.

Lembre-se que eu aDoron vocês (rsrsr). “Bom Juá” para todos aí, e me Chame-Chame de vez em quando pelos dois tracinhos azuis também.

                               Seu amigo Tancredo Neves Trobogy

P.S. Retiro o ‘u’ do verbo ‘moraria’ em homenagem ao escritor Pero Vaz, que primava pelo correto uso do português quando desembarcou aqui nas terras de Santa Cruz.

Luis Antonio Gomes é escritor, com cinco livros publicados

(Texto publicado no jornal Correio da Bahia, em 30 de março de 2016)